sexta-feira, janeiro 27, 2006

loucuras da madrugada

                                                         Loucuras da madrugada







Um inseto mudo sobrevoa o  salao das verdades
Desenhando no ar um gesto desesperado
Como se dele dependesse o movimento de rotacao
de um mundo em miniatura
Um universo paralelo , que se desprende pouco a pouco
Uma palavra por vez
Uma lagrima por vez
Uma memoria por vez.
               :::-:::
Uma marionete sentada esquecida
Finge viver a vida dentro da caixa a qual foi enclausurada
Criando monologos e dialogos com os pedacos de papelao
Que esfarelam-se com o passar dos anos .
Atada as cordas que ela mesma embaralhou desde
A ultima crise existencial
(primeira na historia das bonecas)
Ela tenta nao sentir o desconforto
Contando estrelas que ela mesma desenhou
Em sua ultima inspiracao astral,
Quando viajou a saturno e deslizou nos seus aneis.
                :::-:::
Cada estrela possui seu proprio nome
E merece assim ser chamada.
O homem tem o costume de repetir os nomes dos seus filhos
E para sentir-se superior criou as constelacoes.
Ursa Maior e’ a puta que o pariu,
E depois de parir o chamou Jose Arnaldo.
Felizes sao as estrelas que falam todas o mesmo idioma , nao possuem
Nacionalidade , nem asteiam bandeiras,
Vagueiam livres pelo infinito buscando sua outra metade que partiu
A alguns poucos milhoes de anos luz.
        :::-:::
O onibus para o paraiso passou lotado
E deixou na pista um descamisado que esteve aguardando
Sua chance de ser menos triste nessa eterna e redonda sala de espera
Chamado planeta terra .
Nao lhe ofereceram um cafe, nao lhe deram uma revista ,
Nao puseram uma musica do kenny G nem ligaram o ar condicionado.
Ele era so’ um descamisado.
Proximo por favor!
         ::::-::::
Os acordes de uma guitarra melodica ecoaram pelos corredores.
Alguns pacientes ainda dormiam , outros tomavam
A primeira pilula , a primeira injecao , a primeira dose
De um tratamento descompassado e sem logica
Que parece servir apenas para os manter mais doentes.
Ninguem pareceu se importar com mais aquele louco que lutava
Com seus dedos pelas cordas de aco como um gladiador numa arena
Dominada por bestas famintas,
Do’ ,  e a espada golpeava da direita pra esquerda diagonalmente,
Mi , subia a lamina ja’ manchada de sangue,
Remenor , um passo atras,
Fa’ em setima ,e afundava no flanco esquerdo
Fa’ sustenido , no direito.
       O enfermeiro entra e deixa sobre a mesa  3 comprimidos de cores diferentes.
Re’ menor
La , um giro sobre a cabeca acertando em cheio o pescoca da primeira besta que cai
Suspirando pela ultima vez.
            Um solo , e os aplausos ....
E’ findo o espetaculo.

               :::+:::


Vina Schneider  a 20 de maio de 2005, 11:15 da noite imaginando como sao os seus dias num lugar que ele nao conhece.

5 comentários:

Anônimo disse...

Vc cada dia se superando no que escreve! Gosto muito dos seus textos! Criativos e inteligentes! Parabéns! rs

Anônimo disse...

Oi, lindo!!!
Pelo jeito vc anda bem inspirado ... fico muito feliz por isso!!!
Eu adoro a sua forma de se expressar! Vc escreve coisas lindas, e insanas (com inteligência), mas lindas!! rsrs (que fazem a gente pensar)É tão bom isso! Sinto vontade de criar casa vez que leio algo seu!!

Mil bjssss

Anônimo disse...

Eu tmb nao conheco nenhum desses lugares, nem tenho ideia como seria eu vivendo num lugar desconhecido. No presente tenho conhecido um lugar diferente onde tenho vivido, dentro de um coracao muito amado e querido. A sensacao? eh a melhor possivel!

Poemista disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Poemista disse...

ainda tumultuam lágrimas
exultantes de admiração poética Apenas
um suspiro eternecido
ensagrecido pela arte
cada vez q releio esta obra
um poema que vai pra galeria de Daniéis,Santos,Felinos,Bukowskis e Bezerras
fulgurando na imensidão pares de letras q contemplam o intuito de seu destino
insanos no libelo
complementantes no efeito!

prolixo e não prolixo
prozaquianos balzaquianos
Exuvianos.

Match point pa tuh!