domingo, dezembro 25, 2005

Navegante

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Pulei alguns muros e bati de frente com outros , mas conservo ainda
quase todos os dentes necessários
pra nao ter mais que correr das feras que cruzarem o meu caminho
e nem ter que esconder o sorriso para quem precisar dele.
V.S.
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Navegante

Eu precisei de um tempo pra saber quem era essa pessoa que eu chamo de Eu
o que se escondia por detrás do meu olhar mudo e dos meus gestos tão gritantes,
Entender que a minha inoperancia em relação a vida
era em sí o primeiro passo para uma maratona em busca da felicidade plena
e que estar imóvel às vezes é a melhor atitude a se tomar.
entender que , quase sempre,
o barulho que me cerca é mesmo só barulho , e nada mais.

Quebrei alguns espelhos que pareciam distorcer minha imagem
e por muito tempo tive raiva do meu proprio reflexo,
Até me dar conta de que o espelho só cumpre sua função
de mostrar a nós mesmos como nos vemos.
Fui incompleto , fui cubista , fui abstrato
me faltava um pouco de alma , me sobravam olhos e bocas,
meus ouvido estavam tapados
e minhas idéias se faziam poucas.
Insatisfeito comigo mesmo
não tinha nada a oferecer
foi duro , mas necessário . me apaguei pra começar a refazer.

Joguei fora minhas teorias , sobre homem mulher e sentimento.
Guardei numa gaveta funda os meus rancores e tranquei com a chave dentro
Troquei de lugar os meus retratos , e em quase todos desenhei bigodes.
-quando se trata de mudar o caráter , um pouco de humor é ingrediente forte-
Pintei as paredes do quarto pra renovar e aliviar o hambiente,
Descarreguei sobre o travesseiro a raiva
de nao saber em que direção soprava o vento,
Comprei uma mochila nova e pus todas as minhas apostas nela.
Arranjei uma bicicleta emprestada...
deixei você de lado e me perdi mundo adentro.

Precisei de um tempo para encontrar um lugar onde eu pudessse sentir que minha presença nao era indispensável ,
e que minha ausência era sentida.
Me encontrei ...e agora posso navegar.

Vina Schneider

quinta-feira, dezembro 15, 2005

A Maior Das Minorias

A Maior das Minorias


Me explica esse punho cerrado
esse ódio do novo
essa onda de globalização violenta por todo o globo.
Me explica a tua superioridade
a tua autoridade
e teu poder de dizer quem é ou não o seu povo.
Me explica esse olho puxado,
essa pele curtida,
esse cabelo cortado na altura da perplexidade de quem
te vê e te julga
pelos teus atos radicais,
pela tua fúria patriótica em programas sindicais
que nao abraçam essa gente que te leva nos braços.

Quem fez a tua casa e regou a tua terra de rubro encarnado
marcou tua história e agora é caçado,
impedido de vestir tua camisa e ser chamado
de companheiro nessa vitória comprada,
impedido dos direitos básicos de entrar e sair
por esses portões tão bem guardados.

Quem traça teu destino medido em galão
que cede o espaço pra teus caminhões
sugarem da terra o que não lhes pertence,
roubando o pão da nossa pobre gente,
por um passo pequeno pra quem não merece
nada além de um empurrão e um bom puxão de orelhas...

Mas as chicotadas seguem caindo sobre as costas
de quem sempre esteve amarrado ao pelourinho.
A maior das minorias.


Vina Schneider